23 janeiro, 2008

O ciclo da vida...

Uma fazenda, um sítio, lugar ideal para se passar a infância... Recheada de primos e primas, formando vínculos, laços eternos que vão além do parentesco. Uma brincadeira aqui, uma briga ali, uma panelinha, uma casinha, uma guerrinha de banana, ou de manga, talvez de umbu, vai depender da época do ano e quais frutas estarão apodrecendo no chão, ah, a infância, a molecagem, os primos e os tios... Os tios na varanda jogando conversa fora e vigiando as crianças, contando causos e casos, estórias macabras de mula sem cabeça, de bruxa e até lobisomem... Os tios punham medo, deviam ter medo de a gente embrenhar-se na mata a noite e a gente ouvia: “_Oxente minini, fica, ora que o lobisomi aparecer tu aprende!” O Tio Zé da Tia Coca, mais o Tio Luiz da Tia Andromédia tocavam as modas de viola, dois baianos arretados na noite enluarada na varada de nossa casa na fazenda, o Tio Zé só aparecia nos feriados ou nas férias, o Tio Luiz e a família moravam lá no fundo da nossa casa, na fazenda com a gente, depois foram embora e voltavam nas férias e nos feriados...

O tempo passa, a fazenda já não existe mais, caminhos são escolhidos, os primos já não brincam de casinha, construíram a sua própria casa e cuidam de seus filhos, os Tios, bem, os tios adoram os netos, aparecem quando alguém adoece, ou para dar um oi quando a saudade realmente aperta, ou talvez como hoje, para darmos até logo ao Tio Zé da Tia Coca que se foi para o outro lado, para o Plano Espiritual... E fica aquele vazio, algo como: “Devia ter ido mais na casa dele, mesmo depois que a Tia Coca desencarnou, deveria ter estreitado os laços.” Mas ele se foi, deixou 4 filhos órfãos e 3 netos, mas foi ao encontro da Tia Coca que o antecedeu há cerca de 7 anos... É ele já foi...

“Por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos...” (William Shakespeare)

Um comentário:

R.C. disse...

É, tudo passa mesmo. Tudo que nasce morre, eu já disse isso no Sutiã. Mas, entre tantas coisas, a que mais me pertuba é a ausência do que se foi, e que era bom quando ainda era conosco.
E só depois de tanta partida a gente passa a considerar mais o fato que a gente tem que aproveitar as pessoas agora, enquanto podemos, e mesmo assim, isso não é nada perto do que poderíamos fazer.
É a vida, é a morte, somos nós.

Beijo, Vanuza.